Nuvem Cinza e Ovelha Negra

O Mau-humor Bem humorado.

quarta-feira, outubro 25, 2006

Aula Chata

Com meus passos vagarosos, eu volto do intervalo na faculdade e me sento na primeira carteira. Examino meus colegas, todos aparentemente felizes, falando alto e rindo, até que chega Ele. Vestindo uma blusa social vermelha com a manga dobrada na altura do cotovelo e calça jeans, chega Elias, Ele, o professor de Processo Civil a quem internamente apelidei de "Elias Maluco".

Elias Maluco então descansa sua pasta de cor preta em cima da mesa, a abre e retira uma apostila datilografada, que contém todas as suas maldades maquinadas perversamente contra nós, pobre e indefesos alunos. Começa então a ditar:

-"A Competência..."

Nesse momento, como se uma magia fosse lançada contra mim, a vida se esvai de meus olhos e tudo que eu ouço é um "blá, blá, blá" incessante. Concentro-me em tudo desimportante, exceto no que Ele fala. A porta, os meus colegas, tudo! Então, numa tentativa de recuperar minha concentração na aula, ponho meus olhos sob a face do professor. Aquele cabelo parecendo a peruca do Zacarias, aqueles pés de galinha, aquele sorriso maquiavélico...

Novamente, sou lançado numa hipnóse profunda, em que tudo que ouço não passa de um "blá, blá, blá", e tudo o que consigo fazer é anuir com a cabeça, num movimento para cima e para baixo. Quando então sou acordado de meu transe.

- Gabriel!
- Presente.

Acabou a aula.
Levanto-me e, a passos vagarosos, dirijo-me ao ponto de ônibus.

segunda-feira, outubro 23, 2006

Novas Metas!

Hoje eu to com espírito revolucionário! Decidi agora mesmo que eu tenho que fazer um upgrade em mim mesmo, em tudo e praticamente em todos os aspectos de minha vida.
Eis algumas metas traçadas por mim agora:

- Pra começar, cuidar do meu corpo, Eu fodi meu joelho recentemente e tive que parar de malhar, mas hoje eu tava pensando. Eu não posso fazer meus esportes, então vou fazer umas seções em casa mesmo, que não forcem meu joelho, mas que possam me dar um resultado legal, pelo menos até o verão.
- Além de fazer mais exercícios, eu vou me alimentar melhor. Eu já fui tão "geração saúde" e nem sei o que aconteceu pra eu parar com isso. Vou cortar as frituras, refrigerantes e cervejas completamente da minha lista. Só não corto o meu Dry Martini nem o Gin Tônica. Mas, de resto, voltando a ser saudavel!
- Cuidar do meu visual, preciso comprar mais roupas. Umas que sejam mais meu estilo. Chega dessa coisa de universitário mal arrumado! Eu particularmente prefiro aquele estilo casual, mas bonito, sabe?
- Cuidar do meu espírito, chega de querer namorar! Eu consigo muito bem ser feliz sozinho!

Eu amo ter 20 anos. Essas coisas vão me ajudar a aproveitar melhor a minha idade, e os próximos anos também.

Além do mais, as minhas férias estão chegando! Eu preciso ficar bonito de sunga de novo! hehehe

domingo, outubro 22, 2006

Minhas Saudades

Eu to numa fase de ter saudades.

Cara, pra começar, eu to com saudades do Rio, de ir pra lá sozinho e duro, ir a praia de dia, e sair a noite. Tomar minhas cuba-libres, e beijar várias bocas. Dançar até 6 horas da manhã e pegar busão de volta pro apê do meu pai. To com saudades do carnaval, de sair com a Sabrina e a Mariana, ir pra Farme e tomar vinho barato, e tomar banho de mar em Ipanema pelado! Ouvir The Smiths enquanto combinamos a saída.

Morro de saudades de sair com a Carol, fazendo piadas infâmes e correr no meio da rua, feito dois loucos desvairados. De falar sobre a nossa vida "Sex and The City" escolhendo roupa no shopping! Ah, e de sair com a Ivna, Eduardo, Lívia e Paulo, tomando mais vinho barato, e falando merda até o cú rachar de tanto rir.

Minha vida de solteiro sempre foi maravilhosa! Por que raios ela há de deixar de ser assim agora?
Eu amo ser solteiro! E acima de tudo, eu amo meus amigos!

quinta-feira, outubro 19, 2006

Ainda não acabou


Ouço um barulho. Lá fora, ritmado, cai a chuva. Parece até música, com seus crescendos e decrescendo, oscilando.

Deitado no sofá de cor bege da sala de estar, fecho meus olhos e me concentro em simplesmente nada. Quero esvaziar minha mente. Como se despertasse de um sono profundo, abro então novamente meus olhos, mirando cada objeto que me rodeia, iluminados pela luz fraca dos abajures. A mesa de centro, os quadros, e novamente o som da chuva me levam de volta a meditação. Com o olhar fixo no teto, e com um nó na garganta, me recuso a pensar que acabou.

Apesar de tanto tempo ter-se passado. Quero voltar atrás e fazer diferente. Quero pensar melhor...
Qual será o caminho? Não faço idéia.
Eu só sei que esta estrada ainda não acabou. Simplesmente não pode ter acabado.
Não pra mim.

quarta-feira, outubro 11, 2006

Agora entendo o Mal do Século

Tenho vinte anos e (quase) quatro meses hoje.

Desde o meio do ano, quando fiz anos, eu tenho pensando muito sobre as mudanças que se operam sem que a gente repare. Mudanças na forma de pensar, ver o mundo, encarar os problemas, enfim, mudanças que podem ser imperceptíveis, mas ao mesmo tempo causam um sismo devastador. Eu sempre me perguntei porque quando jovens as pessoas são tão idealistas e a medida que o tempo vai passando, se tornam cínicas e secas. Porque mudanças tão dramáticas no comportamento se operam?

E a resposta me está sendo dada.

Sempre fui muito romântico, cheio de moral, ideais e planos, de vivacidade para correr atras e alcançar tais ideais que eu imaginava em sonhos. Mas, aos poucos e todos os dias, eu vejo todo meu fragil mundo desmoronar e ser despedaçado, e aos poucos e cada dia mais, fico sem chão, sem ter onde me apoiar, sem ter para onde direcionar minha vivacidade e ambição.

De repente não há outra opção, a não ser resignar-me. Tornar-me um cínico, um cético. Por minha própria salvação! Mas não desejo tornar-me uma dessas aves de rapina recalcadas. No entanto, como ter vivacidade num mundo em que seus ideiais, em que sua moral e em que suas paixões não passam de mera criação de uma utopia inalcançável?

Enfim, agora entendo o Mal do Século que sofriam os românticos do século XIX.

No entanto, posso ainda esperar. Esperar que haja em algum lugar uma chama pálida que se assemelhe ao longe com este ideal. Assim, em busca dessa chama existente no mundo real, poderei recuperar a vivacidade que me deixa aos poucos.

Mas, como saber se essa busca será infrutifera? Talvez não haja como saber.
Só de uma coisa eu sei: não irei resignar-me, tampouco abandonar minha moral para poder achar um lugar num mundo torpe e indigno.